A língua portuguesa falada no Brasil apresenta algumas diferenças em relação à língua falada em Portugal São como duas línguas separadas por um abismo.
O português foi estabelecido como língua oficial do Brasil em 1758, e o Português do Brasil ou português Brasileiro, é falado pelo menos por 200 milhões do brasileiros ao redor do mundo. É esta, a variedade mais falada, escrita e lida atualmente no globo.
Nas origens, no final do século 19, chegaram ao Brasil imigrantes europeus e asiáticos, que promoveram novas mudanças na forma de falar do brasileiro. Esta influência, além de deixar suas marca, amplamente conhecidas numa pronúncia mais suave do Português do Brasil, assim como cheio de outros términos, fizeram que a própria estrutura da língua tivesse uma forma mais brasileira.
Para muitos, o português é uma língua falada exatamente do mesmo jeito em diversos países ao redor do mundo. Mas, para falantes nativos, as diferenças entre o que é falado em cada país são claras. As principais diferenças ocorrem no vocabulário, na fonética e a sintaxe.
1. Vocabulário
Ao compararmos as duas línguas, percebemos que uma série de palavras utilizadas no português do Brasil não são as mesmas encontradas no português lusitano. Veja exemplos na tabela abaixo:
Português do Brasil
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Português de Portugal
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abridor
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tira-cápsulas
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açougue
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talho
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time
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equipa
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apostila
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sebenta
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bala
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rebuçado
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banheiro
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casa de banho
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cafezinho
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bica
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caixa, caixinha
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boceta
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calcinha
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cueca
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carteira de identidade
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bilhete de identidade
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carteira de motorista
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carta de condução
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celular
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telemóvel
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conversível
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descapotável
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faixa de pedestres
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passadeira
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fila
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fila ou bicha (gíria)
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geladeira
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frigorífico
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grampeador
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agrafador
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história em quadrinhos
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banda desenhada
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injeção
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injeção ou pica (gíria)
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meias
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peúgas
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ônibus
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autocarro
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pedestre
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peão
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ponto de ônibus
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paragem
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professor particular
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explicador
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sanduíche
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sandes
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sorvete
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gelado
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suco
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sumo
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trem
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comboio
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vitrine
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montra
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xícara
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chávena
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Algumas palavras têm ortografias diferentes. Por exemplo, no português europeu a palavra “receção” é escrita sem o p enquanto o brasileiro adiciona essa letra à ortografia formando a palavra “recepção”. Isso é aplicável a outras palavras onde a letra p é audível no português brasileiro e muda no português europeu.
Os brasileiros também, transformam alguns substantivos em verbos, criando palavras que os portugueses não usam. No português europeu diz-se – “dar os parabéns” (expressão também usada no Brasil) – no português brasileiro, no entanto, pode-se transformar o substantivo parabéns em um verbo – parabenizar. Simples assim.
2. Fonética
A diferença na pronúncia é a que mais se evidencia quando comparamos as duas variantes. Os brasileiros possuem um ritmo de fala mais lento, no qual tanto as vogais átonas quanto as vogais tônicas são claramente pronunciadas. Em Portugal, por outro lado, os falantes costumam "eliminar" as vogais átonas, pronunciando bem apenas as vogais tônicas. Observe:
Pronúncia no Brasil
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Pronúncia em Portugal
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menino
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m'nino
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esperança
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esp'rança
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pedaço
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p'daço
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Em Portugal, as pessoas tendem a falar com a boca fechada. No entanto, no Brasil, é o contrário. As pessoas falam com a boca muito mais aberta. Neste vídeo, você pode notar a diferença:
Algumas construções sintáticas comuns no Brasil não costumam ser utilizadas em Portugal, tais como:
- Colocação do pronome oblíquo em início de frase.
Português do Brasil
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Português de Portugal
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Me dá um presente?
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Dá-me um presente?
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Português do Brasil
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Português de Portugal
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Vou na escola hoje.
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Vou à escola hoje.
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Português do Brasil
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Português de Portugal
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Estou preparando o almoço.
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Estou a preparar o
almoço.
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Sotaques
Muitas pessoas consideram o português brasileiro agradável, devido a uma pronúncia cheia de vogais abertas. Essas mesmas pessoas tendem a achar que o português europeu, soa como uma língua eslava, muito séria. O sotaque brasileiro tem um ritmo cantado para os ouvidos estrangeiros, o que inicialmente pode fazer dele mais fácil de se entender e aprender. Devido a diferenças na pronúncia, é necessário um pouco de tempo para se acostumar com os sotaques e evitar desentendimentos.
Apesar de compartir o mesmo idioma em todo o país, os sotaques brasileiros provam que não existe uniformidade quando o assunto é a língua portuguesa. Até o momento, foram enumerados cerca de 16 sotaques brasileiros sem contar com os dialetos indígenas. São eles:
- Sotaque Caipira: Engloba parte do interior do Estado de São Paulo, norte do Paraná, sul de Minas Gerais, partes do Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso, Goiás e Rondônia.
- Sotaque Carioca: Toda a cidade do Rio de Janeiro.
- Sotaque Fluminense: Cidades do Estado do Rio de Janeiro.
- Sotaque Gaúcho: Rio Grande do Sul
- Sotaque Mineiro: Estado de Minas Gerais.
- Sotaque Nordestino: Partes dos Estados do Nordeste brasileiro.
- Sotaque Baiano: Bahia, Alagoas, Sergipe, partes do Estado de Minas e Espírito Santo.
- Sotaque Cearense: Estado do Ceará.
- Sotaque do Interior: de Pernambuco, algumas regiões do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
- Sotaque Maranhense: Região do Estado de São Luís e interior com destaque em sons nasais marcantes com influência do estado do Norte.
- Sotaque Recifense: Recife, Olinda e arredores. Destaca-se o som de /s/ transformado em /sh/ nos plurais.
- Sotaque Nortista: Amazonas, partes do Pará com influência do tupi.
- Sotaque Menezes: Quase um dialeto que se aproxima do açoriano, em parte do litoral do Estado de Santa Catarina.
- Sotaque Paulistano: cidade de São Paulo e regiões metropolitanas próximas.
- Sotaque Sertanejo: Região Centro-Oeste. Assemelha-se ao caipira.
- Sotaque Sulista: Falado nos estados do Paraná e Santa Catarina.
Nesta reportagem do Jornal Hoje, se mostram como as palavras mudam de Estado em Estado, e acabam tendo o mesmo significado.
Interessante ressaltar que não existe um sotaque melhor ou mais “correto” do que outro, porque até mesmo a língua falada em Portugal sofreu modificações sob influência de outros povos através dos tempos. Há atualmente pelo menos 12 dialetos da língua na Europa, sem contar a África e outros países em outros continentes, com outras diferenças importantes de pronúncia.
Instituto Camões Portugal: http://cvc.instituto-camoes.pt/cpp/acessibilidade/capitulo4_1.html
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